domingo, 31 de janeiro de 2010

O CACAU hoje no Brasil


Por Sandro Neiva

Há muito ficaram para trás os dias de glamour em que a lavoura de cacau representava a atividade poderosa que – às custas da mão de obra semi-escrava dos camponeses nordestinos – durante boa parte do século 20 enriqueceu os exportadores, fez a fortuna (e posterior decadência) dos coronéis baianos, além de lotar as casas de jogatina, os cabarés de luxo e os guarda-roupas das putas e sinhás da cidade de Ilhéus.

Segundo a Organização Internacional do Cacau (OICC), o Brasil, que que já foi o segundo produtor mundial na década de 1970, caiu para o sexto lugar, tendo hoje uma participação insignificante, de apenas 5% em todo o cacau produzido no mundo. A cotação do produto, que por muito tempo carregou nas costas a balança de exportação comercial brasileira, beira hoje U$$2.400 a tonelada no mercado externo. No interno, vale entre 85 e 90 reais.

Entretanto, O CACAU, ainda hoje representa uma força econômica vital na região sul da Bahia, conhecida como Costa do Cacau.

A Bahia é o maior produtor brasileiro, no entanto sua capacidade produtiva foi reduzida em até 60%, com o advento nos anos 1980 de uma praga conhecida como Vassoura-de-Bruxa. A proliferação do fungo tem sido sistematicamente controlada por órgãos de pesquisa como a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), com o apoio de algumas universidades e da Embrapa.

Apesar da Vassoura-de-Bruxa, o cacau ainda se constitui numa alternativa econômica para muitos na região. Para se ter uma ideia, o setor emprega hoje, no eixo Ilhéus-Itabuna cerca de 90 mil pessoas.

A lembrança do auge e declínio da cultura cacaueira, época ímpar de nossa história, pode ser saboreada num passeio pelas páginas do genial escritor comunista e devoto de Exú, o baiano Jorge Amado, nos livros “Cacau” (lançado em 1933), Terras do Sem Fim (lançado em 1942 e adaptado como telenovela pela Rede Globo em 1981) e “São Jorge dos Ilhéus” (1944).

Jorge Amado


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